sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A nova semântica - Jayme Copstein

O que mais tem mudado nos últimos quatro anos, e como nunca na história deste país, é a língua portuguesa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma de suas habituais discurseiras, anunciou ontem que deseja, para o segundo mandato, um governo mais ousado.
O que será que está palavra significa no discurso do presidente? Será, por exemplo, mais honrado?
A dúvida vem de recente pedido de demissão, do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sem repercussão maior fora das paredes envidraçadas do Planalto, o que dá margens a especulações.
Por que a decisão extrema, faltando menos de dois meses para o término do primeiro mandato? Terá o ministro cansado dos “aloprados”, que não cessam de fazer “trapalhadas”, sejam o que estas palavras agora signifiquem? Antigamente, isso se chamava corrupção, mas o dicionário foi realmente transformado como nunca na história do país.
Não são as águas passadas que importam no caso da demissão abafada do ministro Márcio Thomaz Bastos. É a correnteza do rio. Haverá outro mensalão, outro dossiê, prestes a estourar, e ele cansou de carregar o time das costas?
Seja como for, nestes anos de governo, o sr. Márcio Thomaz Bastos é autor de obras-primas, dignas de registro no anais internacionais do Direito Penal. Só este caso do dossiê, em que, apesar da abundância de delitos, nenhuma acusação pode ser formulada por não se conseguir saber a origem do dinheiro, garantiria sua imortalidade no Panteão.
Realmente, como advogado criminalista, Márcio Thomaz Bastos é um gênio. Já como ministro da Justiça, não se pode dizer a mesma coisa. É preciso saber o que a palavra ministro significa neste novo português do Brasil.

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