quinta-feira, 23 de novembro de 2006

A escolha - Jayme Copstein


Fosse permitida a cobrança de tarifa por espirro, os banqueiros no Brasil empestariam as suas agências com generosas doses de rapé para extorquir ainda mais dinheiro da conta de seus clientes.
Vai pára o noticiário dos jornais, agora, a exigência dos promotores federais de São Paulo, sustando a cobrança de 50 centavos por cheque de pequeno valor, emitido pelos correntistas.
Não há um critério, entre os banqueiros, para definir o que seja um cheque de pequeno valor. A coisa parece ter relação com a cara do freguês: uns o limitam em 20, outros em 30 e até 40 reais.
Os regulamentos do Banco Central só prevêem duas tarifas. A primeira é sobre a substituição de cartões de crédito fora da data do vencimento. Tem banqueiro malandro, sem que os clientes percebam, renovando cartão fora de época, sem, solicitação, para poder tirar a casquinha.
A segunda tarifa, já para dificultar a emissão de cheques de pequeno valor, é permitida sobre o segundo talão solicitado dentro do mesmo mês. Da mesma maneira que para haver crime é necessário haver definição em lei, nenhuma tarifa pode ser cobrada sem esta previsão.
Sempre haverá quem, para botar panos quentes na pendenga, sugira uma retirada maior para cobrir o pagamento de contas miúdas. O problema é alguém andar com dinheiro no bolso, no Brasil. Vai para o livro dos recordes se conseguir passar por três esquinas sem ser assaltado.
Como se vê, estamos entre cruz e a caldeirinha. É mera escolha de quem vai pôr a mão no bolso da gente, o banqueiro ou o gatuno.

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