segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Velha cantiga - Jayme Copstein


As grandes reformas que salvarão a pátria e destravarão o Brasil, para fazê-lo crescer como nunca na história deste país, já estão em tratativa, segundo os jornais. São três: previdência, tributos e política, não necessariamente nesta ordem por sua importância, urgência ou encaminhamento, mesmo porque sairão dentro do velho figurino nacional, de mudar tudo o que não mude nada.
Da reforma política, já tem se falado com abundância. Uma malandragem aqui e outra acolá, para perpetuar o reinado dos raposões, já está em andamento com o voto de lista.
Para o resto, previdência e impostos, o governo anuncia apenas “um esforço concentrado de gestão”, seja o que isso signifique, para combater a fraude, o desperdício e o esbanjamento, com economia de bilhões de reais.
Este “esforço de gestão”, entre aspas, não é coisa nova. Já tinha sido alardeado na campanha eleitoral que antecedeu o primeiro mandato. Ao fim desses primeiros quatro anos, porém, sem somar mensalões e ambulâncias, só a despesa com passagens aéreas subiu para mais de um bilhão de reais. Quase nada do dinheiro foi gasto pelo Presidente e seus ministros na tarefa de governar. Foram outras pessoas, cujo trabalho se intensificou, por coincidência, em setembro, às vésperas das eleições.
Pode-se adivinhar o que vem pela frente, por mera semelhança.
É uma velha cantiga.

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