terça-feira, 21 de novembro de 2006

O biscoito - Jayme Copstein

Judiciário e Legislativo querem aumentos desmesurados de proventos, se encarados no contexto das contas públicas e do rendimento do restante população. Mas como anteriormente aprovaram uma balaio de medidas altamente moralizadoras, para acabar de uma só cajadada com as mordomias e o mau uso dos dinheiros públicos, apelam agora para o que há melhor na tecnologia nacional: o jeitinho.
O Judiciário vai aumentar jetons, o Legislativo vai transformar em remuneração fixa as verbas indenizatórias, por despesas eventuais, e tudo se insere legalmente dentro de “um fica o dito por não dito” em matéria de austeridade. Afinal, este é um país tropical, e cantemos e sambemos, irmãos, que o carnaval está batendo às portas e ninguém é de ferro.
Tem aí um senão: o salário mínimo, 60 vezes menor do que ganha um ministro do Supremo Federal e do que conspiram abocanhar os nossos ilustres parlamentares.
Só para facilitar o entendimento, um trabalhador de salário mínimo necessita cinco anos para somar o que a Nobreza cabocla abiscoita em apenas um mês – 30 dias.
Por falar em biscoito, diante das negaças do governo, recusando aumentar o salário minimo para 375 reais, para não estourar as contas públicas, não há necessidade de nenhuma Maria Antonieta dizendo: se essa gentinha não tem pão, que coma bolachinhas.
O jeitinho é o nosso velho biscoito.

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