Todo domingo havia banda no coreto do jardim. Era a banda do Serafim, que tinha uma tuba, dentro da qual entrou um gato, e a tuba tocou assim... rom-rom-rom – MIAU – rom-rom-rom-rom.
É uma velha marcha de Carnaval, mas como vivemos em alegria permanente, como nunca na história deste país, é meio parecida com o empenho (reserva de verba) de 135 mil reais que o Senado fez para comprar microfones, um de alta sensibilidade para captação de voz, três para captação de instrumentos, sete varas para usomde microfones direcionais e outros 10 para repórteres.
Tudo indica que Zé Sarney, em sua nova e moralizadora administração do Senado, decidiu formar uma banda para alegrar o povo desta Nação, tão cansado de demagogia e corrupção.
Especula-se quem será o maestro, se Renan Calheiros ou Fernando Collor de Mello, sabidamente dois eminentes tocadores de tuba com gato. Como será um espetáculo híbrido, misturando forró com prestidigitação, já se formou uma fila imensa de candidatos a mágicos especializados em sumir com o miado do gato. O bicho berra dentro da tuba, mas todos fingem que não ouvem. O que, aliás, já enseja a oportunidade de se empenhar mais alguns milhares de reais para comprar aparelhos de surdez.
Enquanto isso, a Câmara Federal também empenhou uma verbinha de 560 reais para comprar “frascos de creme para as mãos”. Com o que o ilustre presidente Michel Temer cumpre a promessa de acabar com os escândalos de verbas de representação, passagens aéreas, combustível, auxílio moradia etc. etc. etc. Lubrificando os dedos, a manipulação torna-se mais discreta, suave e silenciosa.
De fato, não dá escândalo. E para mostrar seu despreendimento, como não há referência no Orçamento da Câmara, o ilustre presidente deve pagar do próprio bolso o Óleo de Peroba para manter impávida a sua augusta face.
terça-feira, 7 de abril de 2009
A banda de Zé Sarney - Jayme Copstein
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