Millôr Fernandes perguntou certa vez: “Vocês já examinaram a cara de absoluta dignidade desses parlamentares que não têm nenhuma?” Lembrei-me da frase, anteontem, quando ouvi um senador, absolutamente desconhecido cá no Sul (sem trocadilho – Sul do Brasil, entenda-se), justificar suas trampolinagens com os dinheiros públicos, alegando que, convocando-o para defender seus interesses, a Nação tinha de financiá-lo.
Afora poucas exceções, a maior parte das quais mal e mal consegue arrebanhar os votos dos próprios familiares, e também quando se trata de escolher síndico de condomínio, não me lembro de candidato a qualquer coisa neste país que não tenha bajulado eleitores, prometendo mundos e fundos, pagando cabos eleitorais, distribuindo beijos, abraços e cestas básicas.
De minha parte, ainda que comovido com o despreendimento do digno “pai da pátria”, quero preservá-lo desta compulsão ao martírio. Pode ficar em casa, no convívio da família, lá nos cafundós do Judas, alma preservada dos pecados, sem ser tentado pelos mensalões e congêneres.
A tanto que lhe ofereço, só exijo retribuição para lá de modesta: não encherá a minha caixa de correio com os seus santinhos nem a minha paciência com sua carantonha na tevê.
domingo, 26 de abril de 2009
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