terça-feira, 14 de abril de 2009

O velho pecado - Jayme Copstein

O Estado da Califórnia elegeu o álcool de cana como combustível alternativo à gasolina e ao diesel por ser significativamente menos poluente; Ao mesmo tempo em que é boa notícia para o Brasil, o mais importante produtor mundial, deixa transparecer o velho pecado deste país, o da falta de investimento em pesquisa de tecnologia para assegurar privilégios que a Natureza lhe deu de presente.

Vai para mais de 30 anos que se desenvolveu no Brasil a produção do álcool combustível. A tanto quanto se sabe, nada a ela foi acrescentado em termos de produtividade. Produz-se mais porque se planta mais, não porque se extraia mais da cana plantada. A decisão da Califórnia está a indicar que tanto o hidrogênio quanto a eletricidade – os dois mais falados – ainda estão longe de se universalizar como combustível para veículos automotores.

A notícia, publicada originalmente no jornal Valor Econômico e glosada em editorial da Folha de São Paulo, menciona relatório do Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia, dando conta de que no Brasil o álcool reduziu em 72% as emissões de veículos que agravam o efeito estufa. O relatório recomenda o nosso produto como vital para reduzir em até 80%, nos próximos 40 anos, os níveis atuais de carbono na atmosfera californiana.

Evidente, o álcool combustível não está livre de polêmicas. Argumento consistente contra a ampliação dos canaviais assinala a redução de outras culturas, afetando a produção de alimentos. É aí que entra a necessidade da pesquisa de tecnologia, aliás, já em andamento nos Estados Unidos e em países da Europa, para extrair o álcool da celulose, presente em qualquer vegetal e, enfatize-se, no bagaço da cana, descartado depois da moagem.

Não é difícil saber-se quanto de álcool ainda poderia ser extraído da celulose do bagaço, caso o governo brasileiro percebesse que o calendário já rodou até o século 21, para não se repetir com a cana-de-açúcar o que, no passado, aconteceu com o café, quando éramos o “rei do pedaço”. Hoje, afora disputarmos mercado com outros países, importamos tecnologia dos alemães e dos italianos que não produzem um grão sequer em suas próprias terras.

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