sexta-feira, 7 de julho de 2006

Barrigas arrepiadas - Jayme Copstein

A certeza de que a eleição presidencial já estava decidida no primeiro turno, foi uma manobra ardilosa de marketing político. A interpretação das pesquisas só levava em conta, como números definitivos, as intenções de votos válidos. Descartava as indecisões dos eleitores que ainda não tinham escolhido candidato e intenções de votos brancos e nulos, computando somente a militância que vota por convicção e é capaz de crer que a terra é quadrada e centro do universo. Basta que alguém, de “pedigree”, lhe diga.
Já que são da moda e do gosto atual as comparações futebolísticas, equivaleria a dizer, como alguns narradores esportivos, que o time A, ao marcar goal no primeiro minuto da partida decisiva, seria campeão se terminasse naquele momento.
Mas a partida não termina naquele momento. Faltam 89 minutos de jogo e teoricamente o time B pode até marcar 89 goals, um por minuto, antes do apito final. O resultado seria uma goleada de 89 a 1. Na prática é puro delírio a que nenhum narrador esportivo se permitiria.
Aconteceu, entretanto, com as pesquisas eleitorais. Computados apenas 45|% das intenções de voto, que teoricamente também podem mudar, a eleição foi dada como resolvida. Mas se assim era, por que tanta negociação, por que tanta concessão até aos inimigos mais mortais de ontem? É porque a barriga do mentiroso sempre se arrepia. Ele é o único que sabe a verdade escondida.

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