Está chegando ao fim o primeiro ato da tragicomédia que os anais do Judiciário e do jornalismo vão registrar como o Caso Richthofen. Começa com o massacre a cacetadas de um casal adormecido, planejado pela filha e executado pelo namorado e o irmão dele. Termina com o espetáculo circense, montado no Tribunal do Júri de São Paulo, em que não faltam até lencinhos oportunos para aparar lágrimas subseqüentes. O segundo ato só se conclui daqui a alguns anos, quando as muitas apelações forem julgadas.
É Shakespeare ou filme mexicano? O grande problema é o espetáculo de mau-gosto, passando ao público a impressão de que a justiça tenha mais a ver com uma partida de futebol, onde alguém, já nos descontos, pode aparecer com o chute decisivo vai mudar a sorte do jogo. Ou um argumento decisivo, não uma prova, para mudar o rumo do julgamento.
Leis penais, ritos de processo, provas técnicas, nada disso parece ter importância. A imprensa, que deveria fiscalizar, como lhe cabe, em nome dos interesses maiores da sociedade, colabora com o espetáculo de mau-gosto, pautando repórteres que ignoram até coisas comezinhas do Tribunal do Júri e regorgitam em suas tevês as chicanas dos espertos bacharéis.
Pouco importa, depois de tudo, se os assassinos serão condenados a 20 ou 200 anos. A sentença mais preocupante é outra: o Brasil, por ter perdido as referências éticas em todos os níveis, está sendo condenado a ser o eterno país do carnaval.
Sem apelação.
sexta-feira, 21 de julho de 2006
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