O Brasil teima no equívoco de tentar resolver os problemas dos seus negros com números, sem atinar que afeta também as camadas mais pobres de todas as demais etnias. É a péssima qualidade do ensino público, escolha sem alternativa para quem não pode pagar, o fator que alimenta a ignorância e realimenta a pobreza.
Fale-se com qualquer ministro de Educação, seja qual for o governo, e ele despejará um caminhão de números bilionários, naturalmente queixando-se de que a imprensa – sempre a imprensa – não os divulga. Só que estamos todos cansados de saber – não fossem apenas números e contivessem algum resquício de qualidade, frações do alegado bastariam para amenizar e em muito os problemas que nos afetam.
O Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – acaba de divulgar os dados do Censo Escolar de 2005, o primeiro que se faz no país, pesquisando a cor da pele, se branca, preta, parda, amarela, indígena. Como inicialmente a pergunta causou grande polêmica, foi acrescentado um último quesito – sem declaração. Pois cerca de 20% dos alunos preferiram esta resposta, ou seja, não responder, e não se sabe se são todos negros, achando que a omissão ameniza a tragédia pessoal ou se aí também há brancos, indignados ante a possibilidade de se incentivar o preconceito.
O fato não pode ser descartado porque, em se tratando de Censo, o universo reduzido, o de 80%, não propicia dados suficientes para a formulação exata de uma política educacional que inclua todos os brasileiros, independemente da sua condição social, religiosa, o que for.
Acaba não tendo importância porque, falando francamente, os políticos que temos não estão interessados em nenhuma política, seja educacional ou não. Quando mais mantiverem a grande massa na ignorância, mais conseguirão engajar eleitores alienados. É a sua receita para se perpetuarem no poder.
sexta-feira, 28 de julho de 2006
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