segunda-feira, 10 de julho de 2006

No país do vale-tudo - Jayme Copstein

Discussão estéril, a do FGTS para os empregados domésticos. O que deveria estar em debate apaixonado é a educação deficiente que gera trabalhadores não qualificados e os obriga ao trabalho, cujo regime é o do vale-tudo. Aí se origina a cadeia de delinqüência, com destaque para contrabando, sonegação de impostos, assaltos a caminhões de carga e assassinato de seus motoristas, terminando na máfia que controla pontos dos vendedores ambulantes e a pirataria da produção artística.
O que vai acontecer não é novidade. A falta de esclarecimento faz com que esses trabalhadores desqualificados considerem o FGTS como um plus ao salário. Em lugar de direitos, porém, os empregados domésticos serão também personagens de uma comédia por demais conhecida no mercado formal: simulação de demissões, com a multa de 40% devolvida ao empregador. Implica a sonegação do imposto de renda e das contribuições sociais porque o empregado continua trabalhando informalmente.
A novidade cria também uma espécie de Frankenstein jurídico: o trabalhador parcialmente regido pela CLT. Atenta contra o princípio constitucional de todos serem iguais perante a lei. Vai sobrecarregar os tribunais. Não pode haver cidadãos de segunda classe.
A palhaçada de deputados e senadores em propor, associada às hesitações do governo no veto, só é possível porque lida-se com uma maioria de eleitores analfabetos, que não entendem o que está acontecendo. Exigissem seu direito a uma educação qualificada, não aceitariam as esmolas que a demagogia lhes oferece nas vésperas das eleições em troca do voto. Baniriam da cena política, para sempre, os corruptos e os demagogos.

3 comentários:

  1. Anônimo7:02 PM

    Caro Jayme Copstein:
    Gostaria de tecer alguns comentários a respeito de teu último artigo. A educação "nesse país", como diz nosso Primeiro Apedeuta, é de péssima qualidade de alto a baixo, não apenas aquela destinada às classes mais baixas. Sou cliente de um grande colégio privado da Capital há 17 anos (tenho dois filhos com idades bem diferentes) e sei do que falo. Os mestres louvam-se em "educadores" de inspiração marxista franceses e brasileiros, na base da "educação libertadora" e "solidária". Em uma palavra, politicamente correta.
    Quanto ao trabalho informal, à pirataria e, por extensão, ao roubo de carros e de cargas, a culpa cabe INTEIRAMENTE ao Estado, com sua sanha arrecadatória, que rebaixa o sentido moral da sociedade. Pergunto: existe alguma justificativa, qualquer uma, para que sejamos taxados em mais de 30% em cada ligação telefônica que façamos? E o escândalo que é a questão dos automóveis no Brasil? Desde a fabricação, com IPIs,Cofins, ICMSs, que fazem nossos automóveis os mais caros do mundo, até o IPVA, até a indústria de multas, com "azuizinhos" emboscando motoristas incautos, pois ganham comissão nas multas que aplicam; os guinchos que, se chamados particularmente, custam R$50,00 e, se chamados pela EPTC cobram R$138 e assim por diante. O escracho é culpa do Estado, esse ente irracional, estúpido e covarde...

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  2. Anônimo1:25 PM

    apenas comentando pra mandar um abraço, Jayme!

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  3. Obrigado, Marcos. Que nbom saber que freqüentas o blog

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