sexta-feira, 28 de julho de 2006

A morte de um tempo - Jayme Copstein

Lançado ontem na Associação Riograndense de Imprensa, o novo livro de Sérgio Dillenburg mostra porque um certo Rio Grande do Sul ficou para traz e acabou sepultado nas dobras do tempo. Não que tenha sido a intenção do autor defender a tese em “Do reclame ao marketing” – este é o nome do livro - projeto de Erica Coester através da Alternativa Consultoria. O que Dillenburg, pesquisando a história do jornalismo gaúcho, pretendeu e conseguiu com precisão, foi traçar o papel da propaganda no fortalecimento do rádio como veículo de expressão.
A leitura do texto, contudo, mostra como foi. São citadas nominalmente a Cervejaria Continental e A.J. Renner, conhecidas por serem avessas à publicidade. A Continental foi vendida para a Brahma e a Renner tornou-se anunciante à altura da sua própria grandeza só quando os primeiros frutos apareceram, após Harry Kley, valendo-se de amizade pessoal, conseguiu convencer Jacob Renner a lhe dar “reclames”.
A difícil relação desses empresários com a publicidade é sempre retratada por aviso afixado na ante-sala de seus escritórios e reproduzido por Dillenburg no livro: “Esta casa não dá esmolas e propaganda”. Mais significativo é o relato de Alcides Gonzaga, em “Homens e coisas de jornal”. Não querendo desagradar um jornalista de quem gostava muito, Antônio Chaves Barcellos pagou o preço do “reclame”, com a condição de que não fosse publicado, para evitar outros pedidos.
A concorrência de empresários de fora do Estado, promovendo vendas em massa de seus produtos, abriu o orçamento da antigas empresas para a propaganda, mas não o seu espírito. Internamente, ele ainda se mantinha, equiparando esmolas e reclames. Foi por isso que o tempo as sepultou em um de seus desvãos.

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