terça-feira, 4 de julho de 2006

Tempos de Brás - Jayme Copstein

A Justiça garante sigilo para os envolvidos na Máfia dos Sanguessugas e isso significa estender a eles a impunidade, já consagrada para os mensalões. É como se fosse uma convocação: “Corruptos de todo o mundo, aproveitai que o Brás é tesoureiro!”
Identifique-se que o Brás aqui citado é personagem fictício de um provérbio antigo, consagrado no Brasil pelo grande jurista Dacaomeu Furtado: rouba quem pode, vai pra cadeia quem é pobre.
A advertência é necessária para prevenir indenizações por danos morais, pedidas pelos descendentes de um outro personagem fictício, o Brás Cubas, de Machado de Assis, cujo provérbio é diferente e até oposto: não transmitir a miséria humana que herdou porque deseja um país decente e justo para quem vier depois. Sentimento com toda a certeza não compartilhado por esta decisão da Justiça e dos corruptos que ela protege.
Se alguém duvidar que indenizações assim sejam concedidas, que se mire no exemplo de Minas Gerais, onde recebem pensões descendentes de Tiradentes que não deixou descendência. Só nos falta, agora, conceder “algum” para compensar os filhos dos filhos dos filhos de Adão e Eva, por terem sido expulsos do paraíso.

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