quinta-feira, 27 de julho de 2006

Curandeiros e pajés - Jayme Copstein

Como não podia deixar de ser, por mal escrito e eivado de inconstitucionalidades, o governo vetou o novo projeto de regulamentação profissional do jornalismo. Mas curiosas são as reações, tanto de aplauso como de crítica, antagônicas entre si, ambas absolutamente descabidas.
Não há o que lamentar nem o que festejar no caso. Mais valeria que o bom-senso restabelecesse o centro da polêmica, a envolver, de um lado, vaidades equiparáveis a de curandeiros que desejam passar por médicos; de outro, a de pajés, tentando capturar o poder absoluto sobre a tribo, em nome de Tupã.
A nossa regulamentação profissional envolve o aprimoramento cultural do povo brasileiro, através da formação universitária do jornalista. Se o ensino superior despeja magotes de analfabetos diplomados em todas as profissões, não só no jornalismo, aí é uma questão da imoralidade que envolve sucessivos governos, adeptos de números em desfavor da qualidade.
A moralização do exercício profissional do jornalismo é luta antiga da categoria, que há 30 anos exigiu a regulamentação como forma de banir excrescências, como a de uma manicure, que exercia sua profissão em salões de barbeiro no centro de Porto Alegre. Ela era a jornalista bem mais paga do Brasil. Um conhecido empresário, até líder de classe, a usava como laranja para “descarregar” despesas. Naquele tempo, jornalistas e professores eram isentos do imposto de renda.
A luta da categoria, hoje, é por uma efetiva fiscalização das leis em vigor. Estamos cansados de o Ministério do Trabalho alegar falta de gente para fiscalizar e banir a intrujice. Mas não é nos transformando em “Grandes Irmãos”, que vamos resolver o problema.

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