terça-feira, 25 de julho de 2006

De Cristóvão a Onofre - Jayme Copstein

Hoje é dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Só que, nas estradas estaduais do Rio Grande do Sul, eles teimam em dirigir embriagados. Na primeira metade de 2006, já foram presos 107 bebuns, o dobro do ano passado. Então, não adianta rezar para São Cristóvão mesmo porque, para cachacheiros o santo é o outro: Onofre.
Aliás, apesar da popularidade, os dois andaram cassados naquela espanada dos altares, procedida pelo Vaticano em 1969. Não havia provas da sua existência. A popularidade de Cristóvão fez com que fosse devolvido à santidade. A seu respeito consta que foi martirizado no ano 250 da Era Cristã, mas não se sabe seu nome verdadeiro. Daí, negar-se que tenha existido.
Pagão de nascimento, como era um homem alto, de muitos músculos e pouco cérebro, ao converter-se ao cristianismo foi orientado a praticar a caridade à beira de um rio, transportando de graça, nas costas, de uma margem a outra, pessoas que não pudessem pagar o barqueiro. Ganhou, então, o nome de Óforo que, em grego, significa carregador.
Um dia lhe coube transportar um menino que, de tão pesado, o fez chegar ofegando na outra margem. O menino lhe explicou: “Te pareci assim tão pesado porque carrego nas costas os pecados do mundo. Eu sou Cristo. Porque me transportaste, te chamarás Cristóforo, o carregador de Cristo”. A palavra evoluiu, em português, para Cristóvão; em espanhol para Cristobal; e, em inglês, para Christopher.
Vamos repetir: não adianta apelar para São Cristóvão quando se dirige bêbado. O santo é outro, Onofre. Como ele também gosta de “umas-e-outras”, não dá para contar com ele.

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