sexta-feira, 20 de março de 2009

Bugios, papagaios e quero-queros - Jayme Copstein

Zé Sarney, reincidente na presidência do Senado, desconversa sobre os escândalos protagonizados pelos coleguinhas do Congresso. Fazendo pastiche de seu estilo literário: tática de quero-quero em guerra de bugios. Enquanto aliados e adversários alvejam-se com o excremento que todos produziram – uns por ação, outros por omissão – ele fala em papagaios, os que Joaquim Nabuco presenteava aos anti-esclavagistas estrangeiros para engajá-los na Abolição.

Em artigo, ontem, na Folha de São Paulo, afora demonstrar que “nunquismo na história deste país” é doença contagiosa, Sarney consegue arrancar lágrimas até em frade de pedra ao se autoproclamar pioneiro na luta pela redenção da raça negra: é sua a idéia de criar a Fundação Palmares e também o sistema de cotas nas universidades e no serviço público, destinado a dar “condições de levar a raça negra a sair da miséria”.

Reconhece, porém, que a primeira não alcançou os objetivos e a segunda se politizou, perturbando o clima de convivência no Brasil, mas omite por que assim aconteceu. Não fosse a corrupção desenfreada, da qual o Senado é apenas ponta de iceberg, se os que fazem política, em vez de só ter olhos para os próprios bolsos, se concentrassem na educação do povo, os problemas ou seriam resolvidos ou teríamos todos capacidade para equacioná-los.

De nada vale imitar canto de quero-quero com tagarelice de papagaio. Por mais estridente que seja, não consegue se sobrepor à fedentina da guerra dos bugios.

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