quinta-feira, 5 de março de 2009

A porteira - Jayme Copstein

Há poucos dias alguém se queixava de que a impunidade inutilizou o Código Nacional de Trânsito, após 11 anos de vigência. Ora, faz muito mais tempo que a impunidade ampla, geral e irrestrita desde que se tenha um bom dinheiro para pagar advogados competentes, destruiu a segurança das pessoas e mandou para a lata do lixo tudo o que dizia respeito à ética, à moral e à decência.

Exagero? Os escândalos protagonizados pelos políticos bastam para concluir que a palavra deveria ser mais forte, como as que antigamente não se falava na frente de senhoras. Hoje são elas que as dizem sem nenhum constrangimento.

Como tudo isso começou? Há alguns dias, alguém contrapunha que a ditadura militar terminou há mais de 20 anos. Portanto, a ela não podem ser atribuídos os pecados de hoje.

Estamos falando apenas de impunidade. A pergunta que cabe é: quem abriu a porteira para a tropilha passar? Foi nos anos 70, quando os crimes praticados pelo delegado Sérgio Fleury não podiam mais ser escondidos, que a ditadura foi buscar a doutrina para livrá-lo da cadeia.

O primeiro sintoma do que haveria de ocorrer dali por diante aconteceu em um programa de rádio, quando um Delegado de Polícia tentou prender o estelionatário que se fazia passar por coitadinho, para arrancar donativos dos incautos. “Não pode me prender”, o vigarista reagiu. “A lei agora está do nosso lado.”

Continua até hoje.

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