(Contribuição de Guilherme Sociuas Villela)
I
Senadores da República,
Venho relatar meu tormento:
Trabalhei a vida inteira,
Tive um fusca e um jumento,
Mas não consigo juntar
Dinheiro para comprar
Uma casa ou apartamento.
II
Depois de muito lutar,
Vim parar na capital,
Onde tudo é muito caro
Na especulação fatal.
Por mais que tenha apelado,
Difícil é ser contemplado
Com imóvel funcional.
III
Trabalho até altas horas
Da vista se irritar,
Da perna ficar dormente,
Do cabelo arrepiar,
Da coisa mudar de tom,
Mas hora-extra que é bom
Ninguém vem pra me pagar.
IV
Quando vou à Paraíba
Num baú a chacoalhar,
Não aparece um cristão
Disposto a me ajudar
Com uma passagem de avião
Pra melhorar meu padrão
E o cansaço aliviar.
V
Princesa é como no México:
Esse celular normal,
Que a gente compra nas lojas,
Quando pega, pega mal.
Assim quando lá eu for,
Vou pedir ao senador
Um celular funcional.
VI
Quero ingressar no Senado,
Ser funcionário exemplar,
Tomar conta de garagem,
Limpar o chão, capinar,
Dirigir escadaria,
Mas depois, no fim do dia,
Degustar um caviar.
VII
Eu quero ser diretor
Para dar nó de gravata,
Ficar enrolando bufa
Ou filmando passeata,
Ganhar mais que senador,
Passear no corredor
Só espalhando bravata.
VIII
Eu quero ser diretor
Montado na brilhantina,
Cheio de ajuda de custo
Para botar gasolina
No posto do meu irmão
Que fica na contramão
Da ética que me arruína.
IX
Diretor eu quero ser
Para um assunto retado:
Passar o dia flanando
Atrás de rabo assanhado
De piriguetes sabidas
Que se fingem de perdidas
No corredor do Senado.
X
Eu quero ser diretor,
Bem nos conformes da lei.
Só que existe um problema:
A lotação eu não sei.
Eu topo qualquer lugar,
Até mesmo pra escovar
O bigode do Sarney.
sexta-feira, 20 de março de 2009
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