domingo, 22 de março de 2009

Pobre do boi - Jayme Copstein

Naquele ato variado chamado democracia, entre uma ditadura e outra, dos anos 50 e 60 do século passado, corria uma anedota no Brasil. Periodicamente, os generais se desentendiam, punham os tanques na rua, confrontavam o número de apoios que tinham na tropa e depois festejavam a pacificação nacional com um churrasco. “Pobre do boi” – dizia-se. “É sempre ele que paga a conta!”

Pois agora, por ordem expressa do grande guia Luiz Inácio Lula da Silva, o bando de Zé Sarney e o bando de Tião Viana reuniram-se em um restaurante de Brasília para a pacificação nacional. Tanques, no confronto, só os de lavar roupa suja.

Boi, nem tanto, porque o que cada um teve de engolir de sapos dava para restaurar todos os pantanais devastados do mundo, se é que entendem as minhas metáforas politicamente corretas. E não se fala mais no assunto, nem nos diretores nomeados por Zé Sarney nem nos telefones de Tião Viana.

Durante o ágape – um pouco de grego supre a dignidade ausente – houve ligeiras escaramuças entre bugios – quem “dedou” quem – mas, todos eram devotos de DK Omeu, santo padroeiro dos salvadores da pátria. Acabaram concordando que a culpa é da imprensa e não se fala mais no assunto.

No meio da semana passada, o jornalista Salomão Schartzmann comentando a atualidade política na Band-News, torneou a frase: “Escândalo é como peixe, sempre tem um bem fresco”. Nada a ver com o ágape dos patriotasem Brasília. Foi o boi mesmo quem pagou a conta.

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