Yeda Crusius tem razão quando se queixa de que o desmentido das acusações, imputadas por líderes gaúchos do PSOL, não mereceram o mesmo destaque no noticiário.
Se a veracidade das denúncias formuladas era hipótese consistente, não havia como divulgá-las fora das manchetes. Mas se apenas a busca da verdade estava em jogo, não há outro lugar também para a retratação, sob pena de tudo sugerir o trucidamento político da governadora.
Como a assunto vai terminar é um enigma. Provavelmente em nada porque a impunidade é o destino de todas as transgressões neste país.
No rescaldo, a tragédia do ex-representante do governo gaúcho, Marcelo Cavalcante que aparentemente se suicidou em Brasília, premido por dívidas. Nada que a perícia médico-legal não possa esclarecer. Ninguém é jogado de uma ponte sem que seu corpo fique marcado pela violência de quem o coagiu.
Há muitos rumores em torno do caso sem nenhum pé na realidade – prêmio da colaboração em investigações policiais é imunidade, não o dinheiro para resolver aperturas financeiras.
Tudo isso faz lembrar uma peça do britânico J. B. Priestley – “Está lá fora um inspetor” – cujos personagens confrontados pelo remorso, representado por um policial fictício, admitem sua culpa no suicídio da operária de uma fábrica da família.
A peça é um libelo contra a ganância e a indiferença do capitalismo em relação ao destino do resto da humanidade, que em nada difere, nos métodos e na voracidade pelo poder, do fundamentalismo cego que só enxerga seus próprios objetivos.
Falte entre nós alguém descompromissado com dogmas, como o também britânico George Orwell, para trazer a esta tragédia o inspetor que é a nossa consciência, principalmente dos que para ela contribuem com a cumplicidade do seu silêncio.
quarta-feira, 11 de março de 2009
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