Pode-se conjecturar mil e um itens na pauta do encontro entre Barak Obama e Luiz Inácio Lula da Silva, mas com toda a certeza a substituição da Venezuela pelo Brasil no fornecimento de petróleo aos Estados Unidos foi um deles. Rumores vazados para os jornais e a reação de Hugo Chavez, oferecendo aos russos uma base militar na América Latina às vésperas da viagem de Lula, deram fundamento às suposições.
Veio depois uma desconversa norte-americana a respeito do etanol, assunto destacado como prioritário na pauta de Lula, segundo os jornais. Era tema para muita reflexão, declarou Obama, no jargão diplomático que permite dizer um redondo “não”, através de um “sim” evasivo.
E Hugo Chavez ficou pendurado no pincel porque, afora os imensos custos da empreitada, os russos não mostraram interesse na oferta, cientes das conseqüências de cutucar a onça com vara curta, erro cometido por Bush no fim de seu mandato, pretendendo um escudo anti-míssil no Leste Europeu.
A Venezuela vende aos EUA entre 40 e 70% do seu petróleo, mas as ameaças de Chaves, de “cerrar el grifo del crudo”, não têm o menor sentido: além de representar apenas 11% de todo o petróleo que os americanos importam, o volume maior destina-se a abastecer as quatro refinarias e os mais de 15 mil postos de serviço da PDVSA nos Estados Unidos. É de onde brotam os 80 milhões de dólares diários que mantêm de pé o Tesouro em Caracas.
A substituição não só da Venezuela, mas de parte de outros fornecedores mundiais de óleo cru pelo Brasil é previsível na próxima década, não só pela capacidade de fornecê-lo graças às imensas jazidas detectadas nos últimos anos, mas também pela estabilidade política que permite falar em consolidação da democracia.
Como o dinheiro, matérias-primas não têm ideologia. Os compradores apenas exigem regularidade no fornecimento, duvidoso quando o maior talento do fornecedor é a insanidade – o caso de Chavez.
terça-feira, 17 de março de 2009
Lula e Obama - Jayme Copstein
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