quarta-feira, 18 de março de 2009

Fim da Era Gutenberg - Jayme Copstein

O Christian Science Monitor será o primeiro grande jornal dos Estados Unidos a trocar a edição diária em papel pela edição “on line” restringindo a circulação impressa a uma edição semanal, a partir de 23 de abril.

Com o que o CSM encerra um capítulo da sua história de mais 100 anos, em que os 223 mil exemplares de 1970 despencaram os 52 mil de hoje. Em compensação, a edição eletrônica (http://www.csmonitor.com), também pioneira na imprensa americana, cresceu de um milhão de páginas visitadas mensalmente em 1995, para 4 milhões, em 2008, e 5 milhões atualmente, com tendência de crescimento.

O significado desta mudança põe definitivamente em foco o debate que se fazia até agora com timidez: estão os jornais impressos com os seus dias contados? A resposta depende do que se considera a Era Gutenberg. Se é apenas uma tecnologia que se utiliza do papel servindo como veículo, como “mídia” a resposta é sim e com data marcada: não ultrapassa o próximo decênio.

Se Era Gutenberg, porém, for um conceito, não. A comunicação de massa, o acesso universal à informação, a partiu da qual a civilização humana emergiu do obscurantismo da Idade Média para os tempos modernos, só se tornou possível quando Gutenberg inventou os tipos móveis, mas tem sobrevivido e se agigantado com as novas tecnologias, graças à velocidade alucinante com que são inovadas.

Nos anos 70, lembro de ter escrito uma reportagem – Na briga do livro com o microfilme, venceu a cadeira de balanço – em que ridicularizava a tese da substituição da informação impressa pela microfilmada, caricaturando alguém tentando ler um conto policial na calentura da cadeira de balanço, tendo ao colo uma traquitana como as leitoras de microfilme, hoje peças de museu.

Mas tenho presente que ainda hei de viver o suficiente para ler as páginas de um livro projetadas no teto do dormitório, eu espichado na cama, as luzes se apagando automaticamente quando o sono me fechar os olhos, para que continue em meus sonhos a aventura que o autor contava seu texto.

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