segunda-feira, 9 de março de 2009

Caso Kliemann - Jayme Copstein

Depois de assinar com competência as biografias de Loureiro da Silva e de Cyro Martins, Celito de Grandi trabalha agora no “Caso Kliemann”, tentando decifrar o enigma do crime que abalou o Rio Grande do Sul dos anos 60 do século passado.

De Grandi é jornalista e escritor de talento, o que já permite antever livro-reportagem de grande repercussão. Estivemos conversando sábado passado, no Bar da Associação Riograndense de Imprensa, sobre a carta de um cidadão, enviada ao programa que eu apresentava na madrugada da Rádio Gaúcha, nos anos 90, confessando-se testemunha do assassinato.

Segundo a carta, uma gangue de jovens da Praça Maurício Cardoso financiava a compra de drogas, furtando moradias das vizinhanças na ausência dos donos.

Certos de que o casal Kliemann tinha saído para comemorar o aniversário de casamento, dois dos integrantes da gangue entraram na casa, mas se depararam com Margit.Um deles era seu sobrinho e a matou para não ser denunciado à Polícia.

O remetente, na época da carta vivendo em Santa Catarina, identificava o segundo participante como alguém que havia tomado rumo na vida, tornando-se empresário em Porto Alegre.

A carta não aludia a nenhuma prova concreta ou a outros testemunhos. Já se tinham passado, então, mais de 30 anos. O crime estava prescrito. Era uma escolha difícil divulgar ou não o seu teor e apenas uma alusão, sem identificar os atores, foi feita no programa.

Buscou-se evitar um segundo crime, como o que foi cometido contra o próprio Euclides Kliemann, insinuado como o autor da morte da mulher por quem investigava o caso. Da maledicência resultou a tragédia de sua morte em um estúdio de rádio.

Conversávamos sobre todas essas coisas, Celito de Grandi e eu, no Bar da Associação Riograndense de Imprensa. O sobrinho de Margit não viveu muito mais tempo depois do episódio, vítima de suas próprias circunstâncias.

Ocorreu-nos, porém, que remanescentes da gangue da Praça Maurício Cardoso – entre eles o suposto empresário – poderiam confirmar ou não a versão da carta. Mesmo diante do irremediável, a reparação é sempre possível com o restabelecimento da verdade. Ajuda a sepultar os fantasmas que nos assombram e a permitir que os mortos repousem em paz

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