domingo, 13 de junho de 2010

As mulheres da República Imperial – Jayme Copstein

Uma das "curiosidades" apontadas nesta campanha de 2010 é a presença de uma mulher, a primeira na história brasileira, com reais possibilidades de se eleger presidente da República – Dilma Rousseff.

Confesso a vocês, cético como sou, que não vejo realmente as coisas assim. Não vejo Dilma como um ser político emancipado, capaz, como mulher, de liderar uma corrente política, como o faz Marina Silva entre os ambientalistas. Não que não tenha as condições para exercer o mandato maior da Nação. Pelo contrário, ela e Palocci são, sem sombra de dúvida, os dois grandes nomes petistas da administração de Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma, porém, é uma imposição do Presidente aos correligionários e aliados, usando das prerrogativas que esta Republica Imperial confere a quem é bom de voto, para nomear o sucessor. Coisas de homem. Ela só foi a escolhida porque Palocci meteu-se naquela enrascada de todos conhecida, assim mesmo pela quebra do sigilo bancário do caseiro, não pelas farras de que participava porque, afinal, isso é "defeito de homem".

Nas repúblicas imperiais, a promiscuidade masculina até é recomendação, tanto ontem, quando Perón amava as ninfetas de 14 anos, quanto agora, com o bispo Fernando Lugo ostentando harém de causar inveja a "sheik" das Mil e Uma Noites. Imaginem vocês Dilma, ou Marina Silva, envolvida em algo parecido. No fragor da campanha, "galinha" até soaria como pregão de muezim exaltando as grandiosidades de Allah.

A candidatura de Dilma não foi empreitada fácil nem para Lula, dono da bola (PT) e do campinho (a sopa de letrinhas da chamada "base aliada"). Mal o nome se consolidou, veio a reação da própria "cumpanheirada". Estourou o caso do "dossiê" contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso, gestado nas entranhas do Ministério da Justiça. Providenciou-se às pressas uma CPI no Senado, vieram o coice da oposição através da grosseria do senador José Agripino Maia e o canhonaço de correligionários, com o então ministro da Justiça, Tarso Genro, avisando a gregos e troianos – e principalmente às mulheres de Atenas – que a Polícia Federal não pouparia sequer os aliados em suas investigações.

O dito acabou por não dito quando José Dirceu mandou seu lugar-tenente, José Aparecido Nunes Pires, chamado pela revista Veja de "homem-bomba", avisar a quem interessar pudesse que ia jogar algo no ventilador, capaz de fazer bosta de dinossauro cheirar melhor que Chanel nº 5. O que era, o que não era, nunca ficou bem esclarecido. O então ministro Tarso Genro ainda resmungou, em entrevista ao jornal Zero Hora, que a falta de militância partidária de Dilma Rousseff era uma barreira para credenciá-la a uma candidatura ao Planalto, mas logo em seguida cuidou de se candidatar ao Governo do Rio Grande do Sul.

Um comentário:

  1. Vitor Medeiros12:25 PM

    Passei do seu site para seu blog, porque Você tem a credibilidade que gosto de valorizar desde quando o ouvia na Gaúcha na Madrugada e, quando consigo revê-lo no Guerrilheiros da Notícia...

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