quinta-feira, 24 de junho de 2010

A fraude – Jayme Copstein

Vários leitores me passam matérias de colegas, negando a versão de ter a senhora Fátima Bernardes provocado o incidente referido em "A Bola de Dona Fátima" (coluna de terça-feira), e citando desmentidos do próprio Dunga. Segundo os textos recebidos, a história foi invenção de um colega de outra emissora. Perguntam-me; "E agora?"

Outros leitores apontam a punição de Maradona em 2009 e assinalam como equívoco a minha afirmação de que "a FIFA não tem nenhum tipo de poder ou autoridade para regular as relações de atletas, juízes, auxiliares, técnicos, massagistas, enfim, dos protagonistas de suas atividades esportivas com quem delas não participe, como os jornalistas ou os vendedores de cachorro quente". Também me perguntam: "E agora?"

Primeiro item: vou esperar o pronunciamento de Dunga. Se ele desmentir o episódio, me retrato, apresento desculpas e passo a exigir a identidade de quem o inventou para lhe dirigir as críticas que merece.     

Quanto ao equívoco, não é meu. Maradona foi punido não por "ofender jornalistas", mas por falta de decoro. O que ele disse, na ocasião, desculpando-se previamente com "las señoras", se levado a peito, poderia lhe valer até processo por atentado ao pudor ou coisa que o valha. São delitos que se cometem também por palavras, não só por atos.

Nada disso, porém, tem a ver com um repórter provocando Dunga com movimentos negativos de cabeça para expressar desaprovação ao que ele dizia e a reclamação de Dunga contra a descortesia. O que Dunga resmungou, só perceptível através de leitura de lábios, não existe no mundo como dizem os nossos bacharéis, não tem existência concreta, a não ser que já se tenham proclamado o Reino do Grande Irmão e pretendam controlar os pensamentos alheios.

Quando escrevi "fraude" na coluna de anteontem estava me referindo ao complô premeditado para irritar Dunga, fazê-lo explodir e ser suspenso pela FIFA. Acho curioso que ninguém tenha se detido no pormenor de um repórter fazendo provocações mudas com gestos de cabeça, para se passar por vítima das "ofensas gratuitas" do treinador. Portanto, não era a FIFA que cabia agir.

A bola do filósofo

O problema do Dr. Sócrates é a sua desmemória. O outro dia, confessava na tevê não se lembrar de mais nada do que estudara na Faculdade. Não faz tanto tempo assim que se formou médico.

O Dr. Sócrates, na mesma entrevista, desceu a lenha na "grossura" dos gaúchos, quando perguntado sobre Dunga como treinador da Seleção. Não fosse a desmemória, até dava para pensar em ingratidão, feio sentimento, impróprio de um filósofo da sua envergadura.

O Brasil ganhou cinco Jules Rimet. A primeira e a segunda, porque o treinador, Vicente Feola, dormia e deixava os jogadores por sua própria conta. A terceira, porque um gaúcho, João Saldanha, "limpou a casa", como o Dunga está fazendo agora, e organizou o melhor time que o Brasil já teve. Foi deposto como também querem fazer com Dunga. Zagalo só teve o trabalho de erguer a taça.

A quarta copa já se deve à "Era Dunga", quando ele, como companheiro de quarto, botou o Romário nos eixos e cobrou disciplina dos demais jogadores. A quinta e mais recente, teve o gaúcho Luiz Felipe como treinador. Se vencermos mais esta vez, também será por contribuição de um gaúcho.

E o Dr. Sócrates? Quantas Copas do Mundo ele venceu? Esqueçam, como homenagem à sua desmemoria, o pênalti que desperdiçou em 1986, na decisão contra a França, desclassificando o Brasil.

O filósofo pisou na bola.

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