segunda-feira, 21 de junho de 2010

A revolução do Ipad – Jayme Copstein

Finalmente estive com um "Ipad" na mão, trazido por um sobrinho, o Artur, que vive e estuda nos Estados Unidos. Já tinha lido sobre esses "gadgets", mas não tivera ainda ocasião de manejá-los, como aconteceu agora. Primeira impressão: errei feio quando previ que o papel seria substituído em dez anos no máximo como mídia para tudo que se imprime hoje em dia, livro, jornal, revista. Não leva tanto tempo.

Lá pelos idos de 1970, quando trabalhava no velho Correio do Povo, envolvi-me em uma polêmica com entusiasmados cultores da microfilmagem que haviam decretado uma guerra de morte, verdadeira "jihad", contra do livro. Bastou o título do único artigo que escrevi para liquidar a questão: "Na briga do microfilme com o livro, vence a cadeira de balanço. Não passava pela cabeça de ninguém, levar o volumoso leitor de microfichas para a cadeira de balanço ou para qualquer outro lugar – a areia da praia, o macio da cama – que escolhemos para ler um livro.

Só que com esse Ipad, ou seus congêneres, é diferente: são mais cômodos de serem manejados que o próprio livro de papel. São do tamanho de um volume comum (13 cm de largura por 16 de comprimento, altura em torno de 1,5 cm), podem ser lidos no "escuro" porque têm iluminação própria, mas sem o brilho das telas de monitores que irritam os olhos.

Bastam movimentos fáceis dos dedos para fazer tudo o que se faz com um livro de papel e até o que com ele não se pode fazer sem folhear umas tantas páginas, como achar a frase antológica lida lá atrás. Ou até fazer o que não se pode fazer de nenhuma maneira, como aumentar o tamanho da letra para quem tenha problemas de visão.

É revolução igual à ocorrida no Século 15, quando Gutenberg inventou o tipo móvel, abrindo caminho para a imprensa e a indústria editorial. O entusiasmo pela novidade, entretanto, não significa que o conceito de livro tenha sido revogado. É apenas o papel que após tantos séculos de bons serviços à civilização, cedendo seu lugar à eletrônica.

O livro continua o mesmo, a atividade editorial, também. Vão ter de mudar as editoras, as livrarias, as distribuidoras de livros e a indústria gráfica. É bom que comecem a tomar suas providências desde agora. Se há algo certo neste mundo, esse algo é o amanhã. Ele já está a caminho.

A arte no futebol

Que estamos perdendo o senso de humor e caindo em um fundamentalismo ranheta, comprovam-no os comentários da crônica esportiva sobre o segundo gol do Brasil, o de Luiz Fabiano, ontem, contra a Costa do Marfim. Nem mesmo o Paulo Santana, que dá lições diárias de criatividade a todos nós, escapou da cilada do moralismo caboclo, na referência ao gol "escandalosamente ilegítimo" de Luís Fabiano.

Kevin Garside, editor de esportes do jornal inglês Daily Telegraph foi quem escreveu algo à altura do que aconteceu: "Pode ter havido um lance de basquete no segundo gol de [Luís] Fabiano, mas, ora bolas, até quem só consegue apenas pensar em fazer o que ele fez, merece tudo o que conseguiu assim."

Então, o juiz não foi perguntar a Luiz Fabiano se tinha ajeitado a bola com o braço. Estava até sorrindo para lhe dizer algo como: "Eu vi, mas não tive coragem de inutilizar uma obra de arte".

Se não disse, com toda a certeza pensou. Por isso, sorriu.


 


  

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