Depois de algum suspense, o Presidente Lula sancionou o reajuste de 7,7% para benefícios com valor acima de um salário mínimo e vetou a abolição do Fator Previdenciário, mecanismo criado pelo Governo FHC para evitar aposentadorias precoces.
O Presidente andou certo e mostrou coragem nas duas decisões, enfrentando os estrilos dos ministros da área econômica e dos líderes sindicais. O reajuste dos 7,7% é uma questão de justiça, apesar de não repor o total das perdas de segurados e pensionistas: só este ano a inflação já anda pelos 5%; os 2,7% excedentes não cobrem o que lhes tem sido surripiado há quase duas décadas.
O veto à extinção do Fator Previdenciário impede que o Brasil repita o Uruguai dos anos 50 e 60 do século passado, quando as benemerências o transformaram em um pais de "jubilados" e faliram o tesouro. Com as políticas públicas de prevenção e universalização da assistência médica, somadas à exigência de normas e aperfeiçoamento das normas de higiene do trabalho, a expectativa de vida mais que duplicou, desde que a Previdência Social foi criada no Brasil Não há como manter o sistema sem um limite mínimo de idade para a concessão desses benefícios.
Enquanto tal limite não for definido, o Fator Previdenciário ameniza o rombo que as aposentadorias precoces produzem. O Presidente Luiz Inácio da Silva, há tempo, manifestou receptividade ao mínimo de 65 anos para os homens, 60 anos para as mulheres. O problema, porém, é a resistência de quem acha que, por ser brasileiro, já deve nascer aposentado. Para romper as barreira é preciso mais coragem ainda. Lula tem até dezembro para demonstrá-la.
Os profetas da redonda
O assunto é Copa do Mundo, dele não há como fugir. O mais notável, porém, são jornalistas esportivos do Centro do País, travestidos de Nostradamus da pelota, que depois ficam torcendo pela profecia, em vez de simplesmente narrar o jogo.
Há, também, ex-jogadores posando de "comentaristas", muito parecidos com Delfim Neto e Bresser Pereira, recordistas de inflação nos tempos do regime militar ou na desgovernança de Zé Sarney, hoje dando lições de como conduzir a economia.
Exceto Falcão, que já teria sido jornalista se o talento não o tivesse impelido antes aos gramados, os demais sabem tudo, até o melhor dedo para marcar gol... no microfone. Poderiam eles responder a mesma pergunta que se coloca a Delfim Neto e a Bresser Pereira: por que não fizeram quando eram os donos da bola? O Brasil seria o país mais rico do mundo. Ou teria ganho todas as Copas Jules Rimet. Ou tudo ao mesmo tempo.
Bernardo de Souza
Em abril, quem foi à Assembleia Legislativa para o lançamento de "A palavra como instrumento de justiça", documentando os dez anos de mandato de Bernardo de Souza, já adivinhava a despedida. Os sintomas da doença eram por demais devastadores para alimentar esperanças de tê-lo conosco por muito mais tempo.
Bernardo de Souza faleceu anteontem. Diante do irremediável, resta o consolo de ter recebido em vida o reconhecimento pela contribuição maiúscula à vida pública rio-grandense.
Ditos e achados
Lin Yutand, em "Com a mor e ironia": "As mulheres vivem a vida, ao passo que os homens falam a respeito desta. Elas entendem os homens, ao passo que os homens nunca entendem as mulheres. Enquanto os homens passam a vida fumando ou caçando ou inventando ou compondo música, elas têm filhos e cuidam deles, e isso é uma grande coisa."
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