quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Armas e almas - Jayme Copstein

Com o escândalo do mensalão monopolizando atenções, fica um pouco de lado o plebiscito sobre a venda de armas de fogo, marcado para 23 outubro. A Justiça eleitoral decidiu: aperta o botão 1, o eleitor diz não, não proíbe a venda; aperta o dois, sim, proíbe a venda legal.
Sobre o comércio clandestino, não lhe estão pedindo a opinião.
A questão está mal colocada. Proibir não substitui nem temporária nem definitivamente a educação, que civiliza o ser humano, ameniza instintos e desarma o espírito.
A seguir-se o mesmo raciocínio, em breve teremos de votar se cortamos ou não as mãos dos ladrões, É com elas que eles roubam. Ademais, prática adotada largamente por países islâmicos, insere-se, também, no mais politicamente correto.
Foi dentro deste catecismo que o governo propôs a proibição. É o mito do bom selvagem, como se algum marciano, não o próprio bom selvagem, tivesse inventado as armas de fogo e alguma força extraterrestre irresistível o fizesse puxar o gatilho.
Como tempero, a esperteza safada e burra de sempre: fontes oficiais andaram divulgando que 85% da população apóiam o "sim", a proibição. Mas se há esta pesquisa, se há tanta certeza, por que e para quê o plebiscito?
Não são apenas os mensalões que desmoralizam os governos.

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