quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Os azares do povo - Jayme Copstein

Alguma coisa anda errada na área da defesa do consumidor. Voltam a recrudescer as reclamações de leitores e ouvintes que lojista estão perdendo o saudável respeito à lei que tanto o Procon como os Tribunais Especiais de Pequenas Causas haviam incutido entre os hábitos do comércio varejista. Surgiu até uma nova “otoridade”, o gerente de loja, como se constatou em um tradicional magazine gaúcho.
O caso foi de um cliente que comprou um televisor gigante da marca Philco e, quando pela quarta vez, antes do prazo de a garantia se esgotar, a traquitana se estragou, ficou sabendo que a própria Itautec não fabricava mais o modelo porque não dera certo.
Depois de muitas propostas inaceitáveis – troca por um modelo menor, mas jamais a devolução integral do dinheiro já desembolsado, como manda a lei – o descaso e a prepotência. Se quiser vai até no tribunal de Pequenas Causas, que daqui um ano ainda não resolveram nada. E comigo, não tem Procon nem meio Procon. Sou gerente de loja e sei o que estou dizendo.
Pior foi a má sorte que alegaram ter o cliente. Imaginem. A Itautec se desfez recentemente da linha Philco, e não terá sido pelos lucros e satisfações que ela lhe tenha proporcionado. Tudo isso o consumidor em questão ficou sabendo, ao lhe alegarem que ele era uma pessoa muito azarada.
Ele nos contou a história. Nós o aconselhamos a procurar efetivamente o Procon, só para se verificar três pontos: primeiro, se o Procon agora está efetivamente subordinado a gerentes de loja; segundo, se foi revogada a legislação que diz ser responsabilidade do lojista a solução do problema que ele causou ao vender um eletrodoméstico defeituoso ao consumidor; terceiro, se não o consumidor em questão, mas se o povo brasileiro é tão azarado que aqui não “pegam” as leis que o beneficiam.

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