sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Metade da missa - Jayme Copstein

O governo do sr. Luiz Inácio Lula da Silva assinou confissão de culpa, ao manobrar na CPI dos Correios para evitar a convocação de Toninho da Barcelona.
A primeira impressão que se tinha era a de que a oposição caíra em suas próprias armadilhas. A munição principal era segredo de polichinelo. O doleiro iria revelar remessas de dinheiro ao exterior do ministro Márcio Thomaz Bastos, cuja origem é por todos sabida e estão em suas declarações de renda. Nada em desabono à sua honorabilidade.
O dividendo político maior – pífio, pela banalização – seria a comparação demagógica com a miséria que mendiga um pedaço de pão nas esquinas das cidades. Mas quem, neste país, tem autoridade moral para fazer tal tipo de comparação, quando os rios do dinheiro contabilizado ou não, para se ficar com a nomenclatura da moda, correram sempre por caminhos escusos, sem restar uma gota que fosse para minorar o abismo social?
Estavam as coisas neste estágio quando, inesperadamente, o governo e seus aliados desenham um imenso ponto-de-interrogação na cabeça de todos, ao impedir a convocação do doleiro pela CPI.
O que terá o doleiro a dizer, que tanto pânico leva ao governo e seus aliados?
Com toda a certeza, não se sabe a metade da missa. Justamente aquela metade que querem esconder a qualquer preço.

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