segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Bom senso - Jayme Copstein

Em meio à confusão, gente berrando de todos os lados, uns por histeria, outros por desejarem mesmo tocar fogo no circo, ressalte-se o bom senso da proposta de Jefferson Peres, senador pedetista, de se proteger a economia, para que a crise política não nos jogue mais uma vez no caos. Jefferson Peres tem toda a razão. Os choques de opinião são da democracia. Mas são meros conflitos, não esta crise permanente do presidencialismo que esgotou suas possibilidades em qualquer geografia, como bem demonstra a situação da política norte-americana em contraste com a política britânica, de parlamentarismo consolidado há mais de três séculos. São dois países que podem servir como exemplo de democracias perfeitas.É claro, pois, que a crise brasileira só pode ser resolvida com a reforma política, terminando-se com a perversão chamada voto proporcional e procedendo-se à mudança do presidencialismo pelo parlamentarismo. Não é o que está contido, pelo menos por enquanto, na proposta do senador Jefferson Peres. O acordo sugerido tem por objetivo não voltarmos àqueles tempos nefandos do governo Zé Sarney, quando a incompetência e a demagogia puseram na lata do lixo decênios da história brasileira.O problema da proposta de Jefferson Peres é a resistência dos seus correligionários, afeitos a palavras de ordem que demonizam a política econômica, sem se darem conta de que a expressão nada tem a ver com “sistema econômico”. Terá a árdua missão de convencê-los: dinheiro não nasce em árvores; papel pintado com efígies de personagens tutelares da Nação, não passa mesmo de papel pintado, de valor menor que as figurinhas compradas pela garotada, a 10 por um vintém, para encher álbuns de coleção.Afora apurarem-se as responsabilidades e pôr-se os culpados na cadeia, é preciso ganhar tempo para dotar o país de mecanismos políticos que previnam a corrupção e lhe tragam estabilidade. Boas-vindas à proposta do senador Jefferson Peres.

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