quarta-feira, 31 de agosto de 2005

A cobrança do cheque - Jayme Copstein

Não há motivo para os comentários sarcásticos que se ouvem aqui e acolá, sobre as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, travestindo-se de Juscelino Kubitschek, para mais uma vez culpar a imprensa pela crise.
Enquanto o fantasma de Napoleão Bonaparte não perambular pelos corredores do Palácio do Planalto, com a mão enfiada no colete e aquele chapéu atravessado na cabeça, ninguém tem por que se preocupar. O que há é a infelicidade do presidente na escolha de exemplos para se refugiar no coitadismo.
Não se pode falar em mídia na crise de 1954, culminada com o suicídio de Getúlio, porque então o rádio e a tevê eram entretenimento com algumas poucas notícias em horas pré-fixadas. Reconheça-se: o engajamento dos jornais, de um lado e de outro, foi um fato.
Só que isso marcou o fim de uma época. A partir daquele momento, graças aos cursos universitários de comunicação social que então se iniciavam, o jornalismo brasileiro se depurou e nunca mais repetiu o embate entre Carlos Lacerda e Samuel Wainer, apenas citando ícones.
Não foi a imprensa que criou aquela crise, menos ainda a expressão “mar de lama”, saída da boca do próprio Getúlio. Como agora. Marcos Valério, Delúbio Soares e Silvio Pereira, também só citando ícones, não são personagens de nenhuma novela de tevê.
E quem criou a expressão “mensalão”, não foi nenhum jornalista. Foi Roberto Jefferson, portador de um cheque em branco, assinado pelo sr. Luiz Inácio Lula da Silva.
É o que se está cobrando agora.

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