sexta-feira, 26 de agosto de 2005

A corte de Brasília - Jayme Copstein

Há pouco tempo, um correspondente brasileiro em Londres transmitiu à emissora de tevê, com grande destaque e indignação, quase em tom de denúncia, a informação de que a família real da Inglaterra custa aos cofres públicos a bagatela de R$ 160 milhões de reais, convertendo libras ao câmbio do dia. Só faltou dizer – “Que horror! Que barbaridade!”
Com toda a certeza a pobre Inglaterra jamais chegará à situação de um país rico e próspero, como o Brasil, que só com os baronetes do Palácio Planalto, torrou bem mais do que esses modestos 160 milhões da família real inglesa, em despesas mal sabidas porque os respectivos cartões de crédito, muito utilizados para sacar dinheiro vivo, têm suas contas protegidas pelo sigilo.
Como o nosso presidente disse que nenhum outro governo na história deste país combateu tanto a corrupção, por favor não se levantem suspeitas infundadas. Se houve alguma trampolinagem, foi punida exemplarmente. Apesar de ninguém ter ficado sabendo, da mesma forma que ninguém foi sabendo até agora como o dinheiro foi gasto. Só de onde ele veio: do bolso de todos nós.
O assunto está chegando ao Tribunal de Contas da União, que deverá se manifestar nos próximos dias. Mas desde já, a sugestão – com o dinheiro que se gasta na Corte de Brasília, dava para contratar algumas famílias reais de grande pedigree e, com o troco, outros tantos príncipes – aqueles que, quando não estão conspirando para derrubar os titulares, andam matando cachorro a grito. Haveria de melhorar muito o nosso carnaval.

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