quinta-feira, 18 de agosto de 2005

O que vai acontecer agora? - Jayme Copstein

Paulo Acosta - In memorian

Paulo Acosta nasceu jornalista na cidade do Rio Grande. Eu o conheci no finalzinho dos anos 70, quando ingressou na Rádio Guaíba. Descia todas as noites para a redação do Correio do Povo, onde eu fazia plantão, e conversávamos sobre algo novo e palpitante que estava entrando em nossas vidas: o computador pessoal.
Éramos, então, os vaidosos proprietários de duas maquinetas chamadas TK 80, cuja programação se digitava na hora de usar. Quando se avançou um passo, a programa se guardava em um gravador de fita. De qualquer maneira uma tartaruga para fazer a engenhoca correr um pouco mais.
Bom matemático, o que muito pouca gente sabe, Paulo Acosta interpretava estatísticas com maestria. Foi capaz de prever com aquela maquineta rudimentar o desdobramento das eleições de 1978 e 1980 e advertir sobre o problema da superpopulação mundial, mantidos os índices de natalidade.
Trocávamos muitas fascinações. No passo adiante, quando apareceram os primeiros computadores Apple II, nos perguntamos: “O que vai acontecer agora?”
Difícil era ficar triste ou depressivo ao seu lado. Era sempre o futuro que estava presente nas cogitações de uma alegria permanente, da qual brotavam frases inteligentes e trocadilhos fáceis.
Fazia muito tempo que eu não via Paulo Acosta. Planejei telefonemas, encontros e visitas que foram sendo deixadas para a perpetuidade do amanhã e acabam jazendo em nossos arrependimentos.
Abro a Zero Hora esta manhã, dou com a notícia da sua morte. Ou será que partiu para o futuro, para antecipar algum grande furo? Continua sem resposta, a pergunta: “O que vai acontecer agora?”

2 comentários:

  1. Olá, Jayme!

    Também fiquei chocado com a morte do Paulo Acosta. A Rosane também destacou espaço para falar dele na Página 10. Eu conhecia ele do Correio, sabia que ele estava afastado por doença, e o acompanhava no seu www.osaiti.com.br, mas eu achei que ele poderia resistir à doença com tratamento e as transfusões de sangue. Infelizmente, era uma doença tão rara quanto degenerativa.

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  2. Às vezes, Marcelo, alguém me pergunta "o que é um jornalista". Sem que seja mais do que qualquer outra pessoa, ele é um ser diferente, como o poeta, o pintor, o escultor, o músico.
    O Acosta era verdadeiramente um jornalista.
    Foi uma perda.

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