Nahum Sirotsky, correspondente de Último Segundo e Zero Hora no Oriente Médio, ostenta currículo que bem poucos jornalistas, no mundo todo, terão para exibir. Foi o criador da melhor revista cultural que já circulou no Brasil. Chamava-se Senhor. Foi também diretor de revistas de circulação nacional, entre ela Visão, e trabalhou para os grandes jornais norte-americanos e europeus
Nahum nos manda sua visão da crise brasileira. Faz uma série de indagações que são as de todos nós. Ele nos lembra algo que parece esquecido no meio do tumulto: a própria Nação.
Eis a sua “Monotonia do Escândalo”:
“A complexidade das questões do Oriente Médio que acompanho como correspondente me obrigam a atenta escuta e leitura da mídia local.Mas não deixo de ler jornais do Brasil e até de ouvir as emissoras daí.
Seis horas á frente no relógio, é até provável que leia os diários brasileiros antes da maioria dos gaúchos. Suspeitar que o noticiário sobre a corrupção no meio político começa a ficar monótono. É muita repetição, com acréscimos de personagens fazendo papéis semelhantes.
Tenho plena consciência do decisivo papel desempenhado pela imprensa em descobrir e denunciar a lama em que vivíamos.E que não deve suspender sua vigilância. Acontece, porém, que nem se provoca o debate sobre os lapsos no sistema que facilitam a corrupção nem sobre como corrigi-los.
Não se discute o suficiente, e na mesma persistência, os inúmeros outros problemas nacionais à espera de correção. Não se provoca o bastante os meios que têm por obrigação estudá-los como é o caso da universidade e dos profissionais liberais.
Duvidas banais que tenho. Por exemplo: será que os eleitos sabem que têm deveres e obrigações especificas? Ou só sabem que eleição é a porta para dias melhores e mais prósperos para eles mesmo, antes de mais nada?
Que as representações em todos os níveis custam caro demais? Ou que o povo já se conscientizou que é ele quem paga todas as contas dos governos que desperdiçam tanto o seu suado dinheirinho?
Que são possíveis providencias para reduzir desperdícios? E liberar mais recursos para que sejam aplicados no desenvolvimento e melhor distribuição de seus resultados? Ou superar as razões que explicam porque o salário mínimo tenha de ser tão mínimo?
O episodio da corrupção tende a ser superado. Mas os problemas não resolvidos permanecerão.”
quarta-feira, 17 de agosto de 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário