quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Cancan - Jayme Copstein

Se houvesse algum instrumento para medir bobagens – um asneirômetro – com toda a certeza estouraria com os equívocos do PT para superar a crise do mensalão. Exceção a Tarso Genro, inteligente, que faz das tripas coração para rejuntar os fragmentos, o resto é desastre puro.
Dizer que o PT não inventou a corrupção não seria considerada desculpa aceitável nem mesmo por criancinhas que estão mudando os dentes. O jornalista Hilton Almeida, outra pessoa inteligente, nos manda dois parágrafos comentando a extensão do disparate.
“Cancan”, escreve o Hilton Almeida, " é um filme marcante, do gênero revista, retratando a permissividade da sociedade no final do Século XIX. Em seu prólogo, o bufão, ao abrir as cortinas do palco famoso, pronuncia, com sotaque característico, a frase que justificaria as ocorrências insólitas do enredo: “Não fomos nós, franceses, que inventamos o pecado. Nós apenas o aperfeiçoamos”. O dito se presta muito ao momento. O PT e especialmente o presidente da República repetem o bufão, ao dizer que o mensalão já existia. Só faltou apenas complementar: "Nós apenas o ampliamos e institucionalizamos"
“As novas lideranças do partido, continua o Hilton Almeida, seguem esse traço de dar cunho a frases expressivas. Agora imitam Maluf, quando proclama “esse dinheiro não é meu”, frase já apropriada por um programa humoristico da televisão. Esse mensalão não é nosso, dizem. É coisa do Delúbio, do Silvio, não do partido. Para salvar os anéis, que se percam os dedos,” conclui Hilton Almeida
Não bastasse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a derramar o pote, mostrando-se temeroso dos respingos do mensalão. Por que, ninguém sabe. Ele tem sido preservado até agora. O que ele sabe, que todos desconhecemos, para se amedrontar assim?
Ao contrário da crença de muitos de seus correligionários, Lula foi eleito presidente da República não por um projeto de esquerda, mas em grande acordo de 2º turno, reunindo PT-PL, PC do B, PSB, PPS, PDT, PTB, PP, partes do PMDB comandadas por José Sarney e Orestes Quércia, partes do PFL comandadas por Antônio Carlos Magalhães e parte do PP comandada por Paulo Maluf).
Uma aliança assim, já que Hilton Almeida tocou nos franceses, é o famoso marriage au diable, o casamento do diabo, que reúne gregos, troianos, água e azeite, cerveja bock com quindim, enfim um panelão onde não cabem muitos projetos a não ser o manjadíssimo “mateus, primeiro os meus” .
Queixar-se da vida a esta altura não tem cabimento. Só ingênuos crêem que Satanás não cobra a conta de quem lhe vende a alma.

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