As acrobacias dos depoentes das CPIs, testemunhas ou investigados, nos remetem aos velhos ringues de luta livre que mudavam de nome e de heróis em cada cidade.
Esta versão teatral da arena romana tinha um personagem misterioso, o Fantomas, invencível, cuja identidade era à prova de qualquer investigação.
Quando algum gesto ou cacoete fazia suspeitar que se tratasse do lutador A ou B, disfarçado, no dia seguinte Fantomas lutava contra ele e o derrotava fragorosamente.
Quem trabalhava nos bastidores sabia que o Fantomas era todos ao lutadores. Tinha a estatura do lutador mais alto para que não aparecesse mais baixo, por alguma distração. O segredo estava nos pés de madeira que o encompridavam convenientemente. Era o que explicava porque Fantomas não dobrava as articulações dos joelhos nem dos calcanhares e andava sempre de pernas duras.
Pois Fantomas está de volta, agora em todas as CPIs do Congresso, para que os Delúbios, Valério e companhia ilimitada possam enganar o respeitável público indefinidamente. Suas mentiras têm pernas curtas, como todas as mentiras, mas acabam ganhando altura graças a um hábeas corpus que, a título de garantir direitos individuais, endurece a couraça e confere o privilégio da impunidade a quem fez a vida pública deste país refocilar na mais abjeta das imoralidades.
Enquanto dispuser desta fantasia jurídica, Fantomas continuará invencível e à prova de identificação.
quinta-feira, 18 de agosto de 2005
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