O New York Times de hoje revela a oposição da indústria farmacêutica mundial, 20 longos anos, à divulgação da descoberta de Robin Warren e Barry Marshall, ganhadores do Prêmio Nobel de Fisiologia de 2005.
Ainda no início dos anos 80 do século passado, os dois cientistas conseguiram provar o papel da bactéria Helicobacter pylori na origem das temíveis úlceras de estômago, que com facilidade evoluíam para tumores malignos.
A resistência à descoberta estava ligada ao interesse de pesquisadores na cobrança de roialties e da indústria farmacêutica, faturando um bilhão de dólares por ano com substâncias como a cimetidina, o conhecido Tagamet dos ulcerosos do fim do século passado.
A tese de Warren e Marshall foi tachada de ridícula, sob o argumento aparentemente racional de que o corrosivo ácido gástrico digeria também os germes que acaso se arriscassem a penetrar o estômago.
É a mesma linha de raciocínio que levou cientistas à fogueira na Idade Média. Se a Terra era redonda, como os rios não se entornavam em cima das pessoas?
A diferença é que, naquela época, a ignorância ditava o fanatismo. No caso do Helicobacter pylori, a ganância impôs a safadeza.
terça-feira, 11 de outubro de 2005
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