segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Onde está a honestidade? - Jayme Copstein

Fosse o Brasil uma democracia de verdade, a Justiça Eleitoral não teria proibido, no rádio e na tevê, o livre debate das idéias em confronto e sobre a própria natureza da consulta que se fazia ao povo no referendo de domingo. Simplesmente, câmeras e microfones foram liberados para militantes de cartas marcadas trocarem asneiras e desonestidades.
Desfilaram estatísticas, sacadas não se sabe de que algibeira, ora para defender o “sim”, ora para defender o “não”, que tanto serviam a uma e outra posição. Argumentos, os mais canhestros, apelaram até para o orgulho nacional, como aquele de que o Brasil podia dar exemplo ao mundo, como se fosse de verdade o primeiro país a abolir o comércio das armas, ou o único que pretendesse fazê-lo.
Na origem da violência que no Brasil assume caráter de crueldade, não se tocou. Sempre que o debate se aproxima da ignorância que também gera pobreza e corrupção, juntas ou separadamente, ele é descartado. Porque, aí, teríamos é exemplos a seguir como o da Nova Zelândia, da Coréia do Sul e do Chile, que chegaram aonde estão, resolvendo as deficiências do ensino fundamental.
Não há outro caminho para formar cidadãos. Mas a educação, ponto básico é mantida deficiente, em países como o Brasil, porque assim se impede que as pessoas adquiram discernimento e cidadania, libertando-se da tutela dos aventureiros de direita, de esquerda, de centro e do que mais inventem em ideologias, só interessados no poder e nas suas benesses.
Persiste entre nós o mito do bom selvagem, segundo o qual o homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe.
É uma idiotice. O selvagem é escravo da urgência de seus instintos mais primitivos. É a educação que o civiliza para construir uma sociedade, que será tão mais justa quanto mais educados forem seus cidadãos. Fora disso, há apenas militância a serviço de espertalhões que desejam o poder a qualquer preço.
Não há ideologia que substitua a educação. Muito menos de referendos mal ajambrados, feitos para enganar o eleitor, passando-lhe a idéia de que está resolvendo alguma coisa. No máximo, está é referendando a demagogia barata que atrasa esta Nação.

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