Por toda a semana passada, adiamos a notícia, na esperança de que apenas o barco tivesse submergido, mas Garibaldi da Silva, o Garibaldi de Santa Rosa, conseguindo se salvar, estivesse em algum canto deserto, à espera de socorro.
Mas, não. O pior aconteceu. O rio Ijuí devolveu o seu corpo, destruindo as esperanças. Garibaldi incorpora-se agora à plêiade de ouvintes que ajudaram, a dar consistência e conteúdo ao Brasil na Madrugada.
Fazia 15 anos que ele participava da nossa Tribuna Livre. Começou quando o antigo Gaúcha na Madrugada passou a ser transmitido através do satélite e mudou de nome para fazer espelhar a sua abrangência nacional e internacional.
Garibaldi era um brasileiro típico. Inteligente, vivaz, interessado pelo ocorria mundo afora, pulava alguns obstáculos da instrução que não tinha para entender certas coisas.
Este é a drama desta Nação: gente capaz e que não mobiliza toda a sua potencialidade porque educação é mero engajamento político. Ou se adoram as estátuas de pedra ou se mobiliza as pessoas para defender arrivistas que só têm em mente o poder.
Fica-se imaginando aonde o Garibaldi de Santa Rosa poderia ter chegado se este não fosse o país dos PC Farias, dos Joões Alves, dos mensalões. Fica-se imaginando aonde chegaria se não lhe tivessem negado a oportunidade de crescer intelectualmente – como de resto, é negada a toda a população carente.
É inútil especular ficções. A realidade está gritando: Garibaldi Silva, o Garibaldi de Santa Rosa, o máximo que conseguiu atingir aos 57 anos de idade foi trabalhar como vigilante de rua. Decidiu completar o magro orçamento daqueles vinténs diários, tornando-se barqueiro nas águas do Ijuí, sem treinamento e sem sequer saber nadar. O rio o tragou para sempre.
Não é nem herói nem vítima. Garibaldi da Silva é apenas mais um personagem banalizado da tragédia brasileira.
sábado, 8 de outubro de 2005
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