sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Os enciclopedistas - Jayme Copstein

Estava previsto. Ingênuo, quem achasse que não. Cadeia no Brasil é monopólio de chinelão, que não tem sequer chefe de quadrilha para lhe pagar a fiança e livrá-lo das grades.
Paulo Maluf e o filho Flávio, enciclopedistas do Direito Penal, tal a variedade dos seus crimes e o valor dos respectivos “cabritos”, para usar expressão popular, foram soltos pelo Supremo Tribunal Federal, após cadeia de 40 dias. O prazo foi excepcionalmente longo no país, para gatunos de grande alcance.
O bacharel defensor, voz embargada, estilo novelão de tevê, comunicou à imprensa que Maluf e seu zarelho estavam com os olhos rasos dágua, quando receberam a fausta notícia.
Comovente. Além do mais, decisão judicial não se discute, cumpre-se. Nada a fazer, apesar de o desfecho contrariar decisões anteriores do próprio Supremo Tribunal Federal.
Os cinco ministros que libertaram os Maluf podem argumentar com todas as sutilezas possíveis de leis feitas para garantir impunidade a quem possa pagar bons defensores. O problema é a perplexidade da opinião pública que finalmente começava a se convencer da revogação do velho provérbio – quem rouba tostão, é ladrão, quem rouba milhão, é barão.
Sem falar, por inútil, nas lágrimas das crianças famintas, dos velhos doentes, das viúvas desamparadas, cujos infortúnios seriam amenizados com pequena fração do dinheiro público que os malufes da vida embolsaram.

2 comentários:

  1. Anônimo4:56 PM

    Jayme, de Malufes estamos cheios por aí. Precisamos mesmo é saber quando o dinheiro embolsado será devolvido e utilizado para o bem da população que o perdeu para um milionário louco. Queremos saber é quando vamos ver todos estes dinheiros de volta. Preso por preso ninguém vai ficar mesmo.

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  2. É uma boa pergunta - quando?
    Abraços,
    jayme

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