sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Joanices brasileiras - Jayme Copstein

Se verdade ou mito, os entendidos dirão. No início dos anos 50, comentava-se que a ruptura de relações com a União Soviética havia proporcionado bons negócios a quem não era tão Joãozinho-do-Passo-Certo como o Brasil.
A URSS, com quase duas centenas de milhões de habitantes, era excelente mercado para o nosso café. Seu governo lidava com o problema do alcoolismo e buscava incutir na população o hábito de bebidas também estimulantes, sem os malefícios da vodca.
Convocados para a linha de frente, no combate ao “comunismo-comedor-de-criancinhas”, decidimos dar exemplo ao mundo. Envergamos o lustroso uniforme de Joãzinho-do-Passo-Certo e rompemos relações com os soviéticos.
Logo apareceram nos principais centros europeus, intermediários que compravam nosso café a preços vis e o revendiam com saborosos lucros aos “inimigos da liberdade”. Mas que importância tinha, se estávamos salvando o mundo?
Só que o mundo não ia nem vai se perder tão cedo. Nós, sim é que perdemos presença no mercado mundial do café.
Qualquer coincidência com outras joanices-de-passo-certo, presentes, passadas ou futuras, é mera semelhança.

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