quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Águias e moscas - Jayme Copstein

José Alencar é um político regional, cujo nome só atravessou as fronteiras de Minas Gerais por ser o companheiro de chapa de Luiz Inácio Lula da Silva. Comparado aos dois antecessores, do período da redemocratização, é flagrantemente o mais despreparado.
As excentricidades de Itamar Franco ou a discrição tumular de Marco Maciel geraram, aqui e ali, algumas notícias menos rotineiras. Jamais foram vistos ou ouvidos desfechando canhonaços contra o governo ao qual estavam ligados pelo cordão umbilical.
No próprio episódio que culminou com a cassação de Fernando Collor de Mello, Itamar Franco teve comportamento exemplar. Não contribuiu com uma fagulha para atear a fogueira ou avivar as labaredas.
José Alencar com freqüência põe em risco a própria estabilidade financeira do país, em análises bisonhas da taxa Selic de juros, instrumento do Conselho Monetário Nacional para controlar a inflação.
Anteontem, em entrevista coletiva, calculou em atraentes 70 bilhões de reais a soma anual dos juros que pouparíamos, se a taxa Selic desabasse de repente, de 19 para 10%. Não entrou em suas contas a inflação que explodiria no mesmo momento, pondo na lata do lixo os 15 anos de sacrifícios para consertar o desastre de José Sarney com sua ridícula moratória.
O que dá estatura a políticos é o provérbio latino: “Aquila non capit muscas – A águia não cata moscas, não se ocupa de miudezas.
No caso de Alencar, cabe o brasileiríssimo – em boca fechada não entra mosca.

2 comentários:

  1. Anônimo4:36 PM

    Sensacional seu comentário sobre o vice presidente José Alencar

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  2. Obrigado, Pedro. Abraços do Jayme

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