terça-feira, 18 de outubro de 2005

No mundo da lua - Jayme Copstein

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve de engolir, sem tugir nem mu-gir, no início desta semana, na abertura da 15ª Reunião de Cúpula Ibero-Americana, a observação de Kofi Annan, secretário-geral da ONU, que de nada adianta os países latino-americanos combaterem a pobreza se não investirem contra a corrupção e na transparência na administração pública.
Lula havia discursado mais uma vez, defendendo a tese de que a fome é problema meramente político, cuja solução depende apenas de vontade.
Não pôde contrapor que a Kofi Annan faltava autoridade para falar em moralidade, com o envolvimento de um filho em milagres de multiplicação de pães, no programa petróleo por alimentos da ONU, porque o papo poderia enveredar pelos milagres da eletrônica, que transformaram os vinténs da empresa merrequinha de seu filho Fábio em bolada de cinco milhões de reais. Isso sem falar no mano Genézio, o grande cientista que descobriu a invisibilidade: andou e bordou no Palácio do Planalto, sem ser visto por ninguém.
Enquando seu assessor de assuntos alienatórios, Marco Aurélio Garcia, dizia que todos os países hoje estão sendo afetados pela corrupção, dentro linha teórica “eu sou, quem não é” do mensalão, Lula preferiu felicitar Annan pela classificação de Gana ao mundial de futebol na Alemanha, tema que transcende ao fome e a tudo o mais. E foi para a Rússia, tratar com Vladimir Putin da ida de um astronauta brasileiro ao espaço.
Como vive no mundo da lua, sente-se isolado. Quer companhia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário