sexta-feira, 4 de agosto de 2006

A estopa do prego - Jayme Copstein

Terá sido manobra, ao estilo Hugo Chaves, para se perpetuar no poder, ou apenas factóide, com vistas às próximas eleições ou puro besteirol, a sugerida convocação da Assembléia Nacional Constituinte para superar dificuldades de uma reforma política no Brasil?
Surpreendam-se: foi mero engodo com o propósito imoral de abafar um escândalo maior que os escândalos que abalaram recentemente a Nação: as manobras do próprio governo e de sua chamada base aliada arquivar as denúncias sob o rótulo de intriga da oposição.
Nada de gratuito na afirmação. É só comparar o noticiário de ontem com a ginga de hoje do ministro Tarso Genro, dizendo que apenas se pretendeu abrir o debate. Acrescente-se a negativa da comissão de juristas, de que deles houvesse partido a sugestão, ao contrário do que o Planalto quis insinuar.
Quem levantou o assunto ao final da reunião foi o ministro Tarso Genro. A revelação é do professor Eduardo Carrion, da Faculdade de Direito da UFRGS. Alguns membros da comissão apoiaram individualmente a idéia em tese, mas ninguém falou em nome de todos ou de alguma entidade.
O que a comissão de juristas fazia, então, no Planalto, com o presidente Lula e o ministro Tarso Genro? Convocada pelo governo, foi apresentar sugestões para limitar o que o presidente Lula chamou “violência das CPIs do Congresso”. Falando claramente, castrar o Congresso, restringir seus poderes de investigar a corrupção e neutralizar os negados efeitos do mensalão, cuja impunidade foi festejada até por bailarinas.
A Constituinte entrou aí como estopa para abafar as marteladas no prego.

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