segunda-feira, 14 de agosto de 2006

A revolução da máfia - Jayme Copstein

O mais extraordinário, neste episódio do seqüestro do jornalista Guilherme Portanova, Rede Globo, é a constatação que os bandidos aprenderam com determinados políticos o papel da imprensa. É o tambor da Nação. É onde ecoam as boas e as más intenções. Mais que necessário, em uma democracia, é vital preservar este papel, para a sociedade as conheça e decida sobre o que convém ou deixa de convir.
Nos últimos tempos, houve várias tentativas de transformar o tambor em zabumba, para anestesiar o povaréu em um forró arretado, enquanto na casa grande os donos do baile atacavam os mensalões com unhas e dentes e serviam ambulâncias a convivas especiais, tudo regado a impunidade.
A máfia dos presídios está dizendo a mesma coisa, com outras palavras: a onda de violência não é contra o povo, mas contra os governantes e a Polícia. O que trocado em miúdos significa: contra a autoridade do Estado, teoricamente a Nação organizada.
Se os governantes e a Polícia são incompetentes ou corruptos, ou as duas coisas ao mesmo tempo, cabe o debate e os caminhos da lei para consertar a deformação. Ao seqüestrarem o jornalista, os bandidos deram um recado, apanhado de ouvido dos que investem contra a democracia, apoiando ações terroristas em todos os países do mundo, depredando congresso ou invadindo propriedade privada: serão bonzinhos se forem bonzinhos com eles.
A história das tiranias, remotas ou recentes, está repleta desses exemplos. Só não vê quem não quer.

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