Depois de longo tempo, encontro o Manuel, aquele grande pensador lusitano, autor de um tratado clássico, a “Falhosofia do Poder no Brasil”, e que acha desnecessário inventar anedotas a nosso respeito, pois somos um país gracioso pela própria natureza.
Manuel me pergunta se lembro que alguém havia prometido reduzir os impostos, cobrando os sonegadores, o que jamais fora feito na história deste país. Simples até demais. Sequer era necessária a redução dos gastos públicos. Bastava apertar meia dúzia de caloteiros, se tanto, para transformar o país em uma terra de leite e mel.
Ao mesmo tempo em que a Receita Federal anuncia que aperfeiçoou a cobrança dos impostos e aumentou a arrecadação, o IBGE faz cálculos e demonstra que a carga tributária aumentou para 37,7% do Produto Interno Bruto, algo que efetivamente, jamais aconteceu na história deste país.
O secretário da Receita Federal só faltou dizer que o IBGE falava sem conhecimento de causa, uma explicação que se tira do bolso quando não se tem explicação para dar. Alegou que o aumento da carga tributária é até saudável – para quem ele não disse – porque resulta da maior lucratividade das empresas.
O Manuel disse que agradecia penhorado este tipo de saúde, mas preferia continuar doente. E desandou a perguntar: como pode ter aumentado a lucratividade das empresas se o agronegócio e a indústria estão em crise pela real valorizado que emperra as exportações? Se o desemprego aumentou e a renda do trabalhador diminuiu, como pode haver mais lucratividade e o brasileiro pagar mais impostos?
Sorri amarelo, tentando responder. O Manuel me poupou o trabalho. “Já sei”, ele falou. “Que país gracioso!” E soltou aquela risadinha safada.
sexta-feira, 25 de agosto de 2006
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