Qual a diferença entre aquele policial militar, Jorge Carvalho, condenado a 543 anos pela chacina de 29 pessoas na Baixada Fluminense e o assaltante de bancos, Cláudio Adriani Ribeiro, mais conhecido como Papagaio, que fugiu ontem do albergue da Penitenciária do Jacuí, onde cumpria sentença de 22 anos em regime semi-aberto?
Pode-se argumentar que um praticou seus crimes, acobertado pela farda de policial militar, o outro, desafiando as mesmíssimas leis que tornaram o primeiro, agente da eterna luta do bem contra o mal, se é que vale o lugar comum.
Mas é só demorar um pouco mais o olhar para se desembocar na impunidade garantida pelo código feito por suas majestades imperiais, os rábulas de porta de cadeia e enxergá-los como absolutamente iguais. Cumprido um sexto da pena, ambos ganham liberdade. Foi o que propiciou a fuga de Papagaio, após seis meses de controversa progressão do regime fechado para o de semi-aberto. Daqui a cinco anos, vai transformar a impressionante pena de 543 anos do policial militar em piada de salão.
Será realmente o pior, do espetáculo deprimente de impunidade a que diariamente assistimos estarrecidos no pais, os crimes cometidos pelo policial ou por Papagaio? Com toda a certeza, não. Esse pouco “um sexto da pena” cumprido é merecido tanto por Jorge Carvalho como por Papagaio – por incompetentes.
Quem os mandou não ter jeito para a coisa? Por que não se miraram no exemplo salutar dos mensaleiros e sanguessugas, que embolsaram milhões de reais dos cofres públicos e foram os responsáveis pela morte de milhares de brasileiros, ou de fome ou por doença?
É só observar as manobras da direção da Câmara e do Senado para inocentá-los. Algemas e cadeia, mesmo em um paupérrimo “um sexto da pena” para mensaleiros e sanguessugas, só em filmes de terceira categoria, que passam altas horas da noite, quando estão dormindo, nos piores canais de tevê, que eles não ligam.
quinta-feira, 24 de agosto de 2006
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