terça-feira, 1 de agosto de 2006

A recompensa - Jayme Copstein

A gente conhece pouco da Noruega e bastante do Brasil. É claro: a Noruega pode até ser uma mentira da geografia, como a gente vai saber? O Brasil, não, o Brasil é este país em que nascemos e tanto amamos.
Que coincidência: eu lia uma nota biográfica sobre o norueguês Max Manus, quando um amigo me telefona para dizer soube que José Genoíno estava sendo recompensado com mil 100 mil reais pelo seu acendrado patriotismo durante o regime militar. Não sabia onde tinha lido nem quando, mas estava indignado porque José Genoíno fora ejetado da presidência do PT na explosão do mensalão.
Que o irmão do Genoíno era o chefe do inventivo camarada que carregava dinheiro nas cuecas, e eu cortei o papo, dizendo que sem fonte, não é possível. A gente acaba propagando boatos. Que ele ouvisse sobre o Max Manus, sobre quem eu estava lendo.
Tinha sido herói norueguês da resistência aos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi preso, torturado, conseguiu fugir e passou do tempo sabotando o inimigo e arriscando a vida.
Quando terminou a guerra, a recompensa: pode desfilar orgulhoso, pelas ruas de Oslo, no carro ao lado rei, enquanto a multidão o aplaudia. Depois, dissolveu-se entre os demais noruegueses, ganhando a vida como vendedor de material de escritório.
Meu amigo me interrompeu: “Para de conversa mole. O que quero eu com a Noruega?”, perguntou indignado.
- De fato, respondi, é um país muito atrasado, cheio de políticos honestos e sem de vigaristas que se disfarcem de heróis para parasitar o tesouro público.
Meu amigo enfureceu ainda mais e me xingou, antes de desligar: “Andou bebendo, é !?”

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