terça-feira, 22 de agosto de 2006

Língua do pê - Jayme Copstein

Fala-se tanto em reforma política, mas a mais urgente e necessária é repor no lugar uma letra que se finge de séria em nome do povo, mas inicia palavrão. Nem se precisa dizer. É a letra “p”, que sorrateiramente, com padrinhagem do Judiciário, muda de posição e transforma a imunidade parlamentar, garantia do ilimitado direito de opinião, em impunidade para lamentar, salvo-conduto a toda espécie imaginável ou inimaginável de delinqüente, desde que consiga acaudilhar votos de uma massa incauta.
O que Nação assiste é de estarrecer. O presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, representante do Maranhão de José Sarney, continua negaceando, para transformar em patuscada o julgamento dos três senadores implicados no escândalo das sanguessugas. Ainda não abriu o processo de cassação. Por enquanto, só determinou a apuração da denúncia, para empurrar coma barriga até depois das eleições.
Entretando, foi rápido no gatilho para designar o no processo contra Serys Slhessarenko (PT-MS), o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), vice-presidente da mesma Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. Demóstenes foi convidado pela própria senadora denunciada, para que relatar o caso, como noticia a Folha de São Paulo de hoje. Sabe-se lá que parolagem está por trás disso.
Fiquemos com a letra “p´”. Em qualquer país sério, onde se exija um mínimo de pudor, os dois senadores já teriam sido destituídos da Comissão por falta de decoro e grave infração à ética, ao pretender obstruir a apuração do escândalo.

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